terça-feira, 27 de abril de 2010

Medo de Dirigir (Olga Tessari)




Medo de Dirigir

Texto publicado na Revista Corpo & Plástica
Ano III - Edição 15



Subir uma ladeira, estacionar, parar no semáforo ou ter que mudar de pista são atos impossíveis para quem sobre de fobia do trânsito. Você pode encontrar a cura para este distúrbio.

Por Maria Beatriz SantAna



Dar uma volta de carro no quarteirão é tarefa banal para algumas pessoas, os poucos metros são percorridos com facilidade, muitas vezes de uma maneira mecânica. Já para outras, a simples idéia de dar partida em um veículo já causa calafrios. Não é segredo que dirigir um veículo nas grandes cidades, além de ser fundamental, é muitas vezes uma missão impossível: trânsito caótico, motoqueiros e ônibus. Toda essa agitação das ruas das grandes cidades é culpada pela fobia do trânsito em alguns cidadãos.

Na grande maioria dos casos, os medos no trânsito são semelhantes: medo de parar o carro na rampa, medo de deixar o carro morrer e bater no que está atrás, medo de trocar de pista, medo do comportamento de outros motoristas, enfim, medo de tudo o que está relacionado ao trânsito. Eu tenho verdadeiro terror de dirigir. Tenho medo de enfrentar os grande congestionamentos de São Paulo, tenho medo dos outros motoristas, principalmente aqueles que passam correndo ou que estão sempre fechando os outros.

Cheguei a tirar carta, só que nunca peguei no carro. Não consigo nem imaginar como é dirigir o carro sozinha, enfrentar o trânsito, ir ao supermercado, ter que estacionar... já começo a ter calafrios, conta a advogada M.R, de 44 anos.

O que muitos não imaginam é que a solução para essa fobia não está em mais aulas na auto-escola, mas sim no consultório de um bom profissional, que faça com que a pessoa perca o medo de dirigir. Em entrevista à revista Corpo & Plástica, a psicóloga e psicoterapeuta, Olga Inês Tessari, dá mais informações sobre essa fobia.

Corpo & Plástica: Por que algumas pessoas têm medo de dirigir? É uma doença?
Doutora Olga Inês Tessari: O medo de dirigir não é uma doença (no sentido médico), mas um medo irracional que vai se desenvolvendo com o tempo devido a alguns fatores comportamentais/familiares e está relacionado a um determinado perfil psicológico. Por isso a importância de se fazer um tratamento psicológico para vencer este medo.

C&P: É possível traçar um perfil dessas pessoas?
Doutora Olga: Sim. São pessoas com tendências perfeccionistas, com medo de errar, que temem a crítica do outro, são detalhistas e muito inteligentes, responsáveis e preocupadas com os outros. Em sua maioria, são pessoas bem sucedidas em seu trabalho e são muito ansiosas.

C&P: Em quem o medo é mais constante, nos homens ou nas mulheres?
Doutora Olga: As mulheres assumem melhor os seus medos, diferente dos homens que, em nossa cultura machista, não têm o direito de tê-lo, pois a cultura exige deles força e valentia, o que pressupõe a inexistência de medos (e se os tiver, que os resolva sozinho). Em conseqüência disto, a procura por tratamento no consultório é maior por parte delas (cerca de 90%), o que não significa que não haja homens com medo de dirigir(cerca de 10%); ultimamente a procura deles por tratamento tem aumentado.

C&P: Quais sintomas a pessoa apresenta ao ter que dirigir?
Doutora Olga: Os sintomas variam de pessoa para pessoa e também possuem vários graus de intensidade. Mas, em geral, a maioria deles apresenta os seguintes sintomas: taquicardia, palpitação, suores, tremores, falta de ar, enjôos, boca seca, sintomas de uma crise aguda de ansiedade! A pessoa concentra sua atenção nos sintomas físicos e procura fugir deles devido ao sofrimento que eles acarretam, daí a recusa e fuga de situações que a levem a dirigir e, conseqüentemente, as desculpas que ela costuma ter para não dirigir: é muito melhor ser passageiro que motorista, assim eu não me canso e aprecio melhor a paisagem, não preciso me preocupar em estacionar o carro, como passageiro eu não fico estressado com o trânsito, etc...

C&P: Existe tratamento? Como é desenvolvido?
Doutora Olga: O melhor tratamento para isso começa no consultório de psicologia. Algumas pessoas acreditam que aulas de treinamento em auto-escolas irão resolver o problema delas, muitas até fazem isso (tenho uma cliente que fez cerca de 100 aulas) e só percebem, depois de muito tempo, que isto não resolve, porque elas até sabem dirigir bem, tem o conhecimento, a prática, mas na verdade, é o medo que as impede de dirigir, e que só será resolvido com um tratamento psicológico. Há várias técnicas eficazes e rápidas para solucionar o problema e em geral, três meses, com uma sessão semanal, é o tempo suficiente para acabar com o medo de dirigir.

C&P: Há alguma diferença entre medo e fobia de trânsito?
Doutora Olga: A fobia é um medo persistente e excessivo de um lugar, objeto ou situação que de fato não é perigoso. Os pensamentos e crenças que a pessoa com medo de dirigir apresenta a respeito dos sintomas (são insuportáveis, nunca desaparecerão) assim como a atitude das outras pessoas à sua volta, fazendo por ela tarefas ou coisas que ela evita, ajudam a perpetuar o medo.

O que muitos não imaginam é que a solução para essa fobia não está em mais aulas na auto-escola, mas sim no consultório de um bom profissional que faça com que a pessoa perca o medo de dirigir.



Fonte: http://ajudaemocional.tripod.com/rep/id54.html

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